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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

O FIM DA ENDURANCE NO BRASIL - PARTE 3

CATEGORIAS TOP E O BRASIL
            Para concluir com chave de ouro a postagem anterior, o grande Rui Amaral Jr., lembrou-me de uma postagem de seu Blog Histórias Que Vivemos, narrada pelo amigo Fabiano Guimarães, durante uma das etapas do Paulista de Velocidade no asfalto de 2012. Vale a pena ler essa narrativa.
            Antes de qualquer coisa, quero deixar bem claro que não acredito na briga de Classes sociais dentro do automobilismo, achando que categorias como Stock Car, Porsche Cup, GT Brasil, Brasileiro de Marcas entre outras, acabam com o automobilismo nacional. Não acho que tecnologia e modernidade são ruins. Só acredito no bom e velho “Quem pode mais, chora menos”.
            Contudo, certos “Automobilistas” querem elevar tanto o esporte de uma só vez, que o torna proibitivo para os outros, seja no custo da inscrição, seja no equipamento exigido, seja nas estratégias de mídia mal planejadas. Provas como Mil Milhas e 500Km deveriam viver apenas pelo nome delas, mas não é assim que funciona.
            Outra coisa que a maioria das categorias TOP no Brasil acabam atrapalhando é o mercado de preparadores, pois em sua grande maioria tem regulamentos engessados, ou contam apenas com um fornecedor e preparador, isso acaba diminuindo o mercado e a competitividade no que se trata em preparação.
            Gostaria de ver essas categorias como degrau para que os empresários pilotos, ou pilotos empresários se animassem a participar mais desse esporte. Contudo para a grande maioria não há aquele gosto de novos desafios, eles ficam enfornados na “panelinha” e basta para eles. Queria ver provas como uma Mil Milhas um desafio entre categorias e preparadores regionais. Ver um GT ser batido por um protótipo que saiu do fundo do quintal. Gostaria de ver as grandes marcas estrangeiras virem com super canhões e deparar com um bólido nacional apertando os calcanhares deles, ou indo mais a frente, pois o canhão europeu não agüentou a duração e exigência do desafiador Interlagos.
GRID DEMOCRÁTICO

PORSCHES ALINHADOS LADO A LADO COM PROTÓTIPOS NACIONAIS

NA ENTRADA DO "S" DO SENNA, UM PASSAT UM ALDEE E UM PORSCHE DIVIDINDO A CURVA EM HARMONIA
            Já tive até o sonho de convidar uma ou mais equipes do GT Japonês, um Turismo Carretera, para disputar com nossos carros e pilotos.
            Mas para uns isso é um sacrilégio, ver por exemplo um Omega dividir o “S” do Senna com um Porsche, ou BMW. Ter carros com uma cilindrada menor mas com uma duração maior do que muito canhão ficar na frente. Mas essa que é a beleza da Endurance. Fora o público, em 1998 a vitória das Mil Milhas ficou com o trio, Tom Stefani, André Grillo, Júlio Fernandes, com o AS Vectra (AS sigla em homenagem a Ayrton Senna), estávamos eu, meu pai, meus irmãos Fernando e Flavio nas arquibancadas famosa curva do Café, e ao nosso lado quatro gaúchos e seu Doge, assistindo a corrida, assando uma carne e mateando. Como em toda prova de automobilismo o público tem uma facilidade muito grande de formar amizade, eles se mostraram um pouco decepcionado pois não havia na prova nenhum V8 correndo, foi quando o meu irmão mostrou a eles um Opala vermelho com um ronco muito característico, e eles ficaram mais animado com a prova.
            Aquela vitória do protótipo AS Vectra, foi realmente muito legal, lembro que o jornal esportivo “Lance!” colocou como manchete da prova, a seguinte frase, “Venceu a Gasolina Errada” pois a prova era patrocinada pela Petrobrás e o carro campeão era patrocinado pela Texaco, mas mais do que isso ele vencera o um dos maiores papões das Mil Milhas ou 3 Porsches.
            Mas para quem pensa que só torci para carros nacionais ou fracos, se enganam apesar de torcer muito para o Puma Metal Leve, o Aurora Alfa, o Aldee Nº 0, não tinha como não torcer por Nelson Piquet, Ingo e Cecotto na BMW M3, Rubens Barrichello e Raul Boesel no Escort Cosworth da Wolf e lógico para a dupla Wilsinho e Christian Fittipaldi na Porsche 911 NSR.
FÁBIO SOTTO MAIOR AGUARDANDO O PREPARO DO AURORA ALFA ROMEO

O ESCORT DE RUBENS BARRICHELO E RAUL BOESEL

AURORA ALFA DE PAULO GOMES E FÁBIO SOTTO MAIOR

O OMEGA LOTUS DE ANDREIA MATHEIS

PORSCHE 911 DE MAURICIO SALA E ANDRÉ LARA RESENDE
            Ai quiseram inventar, subir o nível, e com o passar dos anos a prova foi perdendo em charme, atratividade, ficando mais restrita e cara, tanto para equipes, como para público, até que em 2008 faleceu aquela que era a maior e mais bela prova do automobilismo brasileiro. Ai toda e qualquer outra tentativa de se fazer outras provas logo levantam-se saudosistas como eu que sonham em vê-la novamente movimentando nossos corações e sonhos.
            Assim caminhamos, na próxima postagem virei fazendo o meu elogio aos Gaúchos pela bela prova das 12h de Tarumã e ao paranaense Beto Borghesi o organizador das 500 Milhas de Londrina.

            Um grande abraço e até mais!!!!

TROVÃO AZUL DE PEDRO GARRAFA

CARRO DE APOIO DURANTE AS MIL MILHAS DE 2008


ACAMPAMENTO DA FAMÍLIA NOS TEMPOS ANTIGOS


A BRAZUCA DAS 25h DE INTERLAGOS


MIL MILHAS 2002

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

O FIM DA ENDURANCE NO BRASIL - PARTE 2

INTERLAGOS PARA QUEM????
            O lendário circuito José Carlos Pace ou Interlagos, é ainda hoje um dos melhores e mais belos autódromos do Brasil, e até mesmo do mundo. Não é a toa que ele sedia a maioria das grandes corridas do país F1, WEC, FIA GT, Stock, F-Truck, entre outras, e durante muitos anos foi o cenário outras tantas corridas lendárias 25h de Interlagos, 500Km, 1000 Milhas.
            Mas hoje em dia fora a F1, Interlagos sobrevive de forma pouco automobilística. É interessante essa afirmação minha, mas desde a reforma no começo dos anos 90 para receber a F1 de volta a São Paulo, ele vem sofrendo com inúmeras reformas, bem e mal feitas, para receber o grande circo internacional e só.
            Suas instalações tem sido renovadas, o que é bom, mas o aproveitamento das mesmas não tem sido dos melhores. Show dentro do traçado, quadras poli esportivas, áreas que poderiam ser aproveitada com centro de convenções ou até mesmo um museu do automóvel e automobilismo poderiam ser abrigados dentro do espaço aproximadamente 1 milhão m² ou mais.
            A Prefeitura de São Paulo até acredito que pensou nisso quando colocou a SPTURIS para administrar o autódromo, mas acredito que o tiro saiu pela culatra por ser uma empresa de economia mista, que tem como maior acionista a própria prefeitura, e que ao invés de uma visão empresarial esportiva, tem uma visão política, e quando chega nisso ela se torna ineficaz, pois não existe uma verdadeira busca pelo LUCRO, mas sim pelo agradar politicamente setores com influencia eleitoral.
            Com isso todo ano nos rendemos as ameaças da FOM e FIA para manter a F1 aqui, e jogamos o resto para cima, e como a nossa Federação e Confederação não tem interesse de buscar uma verdadeira representação política, para realizar provas do certame regional, ou nacional são cobrados valores exorbitantes, que são repassados aos competidores para uso da estrutura. Ou seja a culpa não é só da Prefeitura, é também da CBA, FASP, CLUBES e PILOTOS E PREPARADORES, que não se mobilizam e aceitam tudo comodamente de cima para baixo.
            Para mim, Interlagos deveria passar por uma Concessão Onerosa, a uma empresa meramente de economia privada, por um período de 20 anos renováveis por licitação. Isso levaria novos ares ao circuito, que acredito poderia começar a dar lucro e manter ativo para o automobilismo durante o ano todo.
            Nessa concessão poderia ser colocado como termo de referencia o emprego de isenção de certas taxas ou facilidades para manter as provas do calendário da FASP num valor mais justo, assim reduzindo uma parte dos custos das inscrições. O que poderia gerar um aumento no número de participantes nas provas.
            Fora ações como estão sendo realizadas em estádios como Cícero Pompeu de Toledo (Morumbi), Paulo Machado de Carvalho (Pacaembu), Urbano Caldeira (Vila Belmiro), entre outros, que fizeram estruturas como museu, área gastronômica, lojas de conveniência que geram o recursos financeiros através do turismo.
                   Mas o que isso tem haver com o final da Endurance no Brasil ou em São Paulo?
CUSTO DE LOCAÇÃO DO AUTÓDRO EM 2014
Estadual Carros ou Motos com uma ou mais categorias Estaduais de Carros ou Motos
08h00 às 18h00
A, B, C, D, E, F1, F2, H, I, J, K, L, M1, M2, M3, O, P1, Q, R, S
3 dias
 R$ 80.135,00
Autódromo Total 
08h00 às 18h00
Todas as áreas do Autódromo conforme proposta
por 1 semana
 R$ 305.435,00
OBSERVAÇÕES
·         Os Estacionamentos serão cobrados quando o Promotor de Eventos efetuar cobrança ao público.
·         Os preços desta Tabela são válidos para Carros, motos ou bicicletas.
·         Os custos de energia elétrica e água serão de responsabilidades do organizador do evento. 
·         No custo não estão inclusos o resgate médico, o seguro dos veículos, materiais e equipamento.
·         A liberação da pista deverá ocorrer até as 18h00.
·         Os preços acima elencados são meramente ilustrativos e não vinculam a Administração do Autódromo, devendo ser apurados caso a caso, na proposta comercial correspondente. 

Fonte Site do Autódromo de Interlagos
Link: http://www.autodromodeinterlagos.com.br/wp1/seu-evento-aqui/

TAXAS FASP 2014



 Fonte Site FASP.
Link: http://www.faspnet.com.br/upload/noticia/6914_0.pdf

BEIRAL DA MURETA DO BOX CORTADA


MATO

FIAÇÃO EXPOSTA

EM UMA DAS ETAPAS O BURACO NO CAMINHO DO PÁTIO FECHADO

EM UMA DAS ETAPAS O BURACO NO CAMINHO DO PÁTIO FECHADO

NA OUTRA ETAPA O TAMBOR DE "SEGURANÇA"

NA OUTRA ETAPA O TAMBOR DE "SEGURANÇA"



QUEDA DE PARTE DA COBERTURA


FIXAÇÃO DO GUARD RAIL



BEIRAL REMOVIDO

Lembrando que as fotos são de 2012 e não fui mais lá em 2013 e 2014.
Para encerrar deixo as seguintes perguntas e preciso de ajuda dos amigos para entender mais sobre esse assunto.
Esses valores em medida do que é oferecido por SPTURIS, CBA e FASP são justos ou eu que sou “Duro” demais?
Se algum maluco tivesse coragem e vontade de realizar novamente as provas Noturnas em Interlagos ele poderia fazer isso, ou só podem ser feitos eventos com o limite horário de 00:00h?
Vale a pena ser organizador independente de provas de Endurance em São Paulo?
E vamos nessa!!!

Até a próxima parte!

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

O FIM DA ENDURANCE NO BRASIL – PARTE 1

         Pode parecer um pouco exagerado da minha parte colocar o final da Endurance no Brasil, sabendo que eventos como 12H de Tarumã, 500 Milhas de Londrina e até mesmo as 100 Milhas de Piracicaba ainda façam a alegria dos amantes dessas provas, mas o que aconteceu com: 1000 Milhas Brasileiras, 1000Km de Brasília, 25h de São Paulo, 24h de Curitiba, Cascavel de Ouro, entre outras. Por que essas provas sumiram do Calendário? A culpa é de quem?
 

            Bom a certeza de que a culpa não é de uma só pessoa, nem de uma só circunstância, inúmeras pessoas e fatores colaboraram para essa decadência do esporte a motor de longa duração. Não pretendo tentar promover uma caça as bruxas nem tão pouco ser o dono da solução, pois só quem emprega muita grana tentando realizar um evento como esses sabem o quanto dói nas contas.
            Mesmo assim acredito que as coisa podem ser diferentes, e gostaria de apontar soluções não tão drásticas, nem tão impossíveis de se fazer, mas para isso precisamos historicamente nos posicionarmos e ver onde começou a dar errado.
            Por isso a série de postagens que eu começo agora tem o intuito, usando principalmente o estado de São Paulo como exemplo, pois essa é a realidade mais próxima da minha casa, esperando que isso gere uma discussão saudável em busca de uma atitude de todos pela volta do automobilismo de Longa Duração.
OS PRIMORDIOS
            Antigamente as montadoras buscavam mostrar ao seus futuros clientes que seus carros eram duradores, e que eram rápidos alguns tentavam mostrar que eram mais econômicos que os outros, e por isso eram promovidos testes de duração em circuitos particulares, onde o carro ficava rodando horas só parando para trocar de piloto, abastecer, trocar um pneu ou coisas menores para demonstrar durabilidade. Esse tipo de cena pode ser vista no filme “Tucker. O homem e seu sonho”, lógico que estou falando de um passado não tão distante, sei que há histórias mais antigas que isso só usei um exemplo.
            Mas mesmo pensando nisso nada poderia ser usado como parâmetro melhor do que uma corrida lado a lado, no mesmo lugar, com o mesmo clima e com o resultado ao final. Provas como 24h de Le Mans desde 1923, Mille Miglia 1927 a 1957, 24h de Nurburgring, 24h de Daytona entre outras tantas são modelos de provas que sempre atraíram a atenção do público e das fábricas, pois o que está em jogo não é só ser rápido, mas ser resistente.
            Durante um tempo o no Brasil também tivemos nossa provas 1000 Milhas Brasileiras, 1000Km de Brasília, Cascavel de Ouro, 12h de Tarumã, 500Km de Goiás, 25h de Interlagos entre outras provas, são provas que faziam o gosto dos fãs.
            Eram provas com charme e desafio do verdadeiro “QUEM PODE MAIS, CHORA MENOS”. As soluções mais loucas e eficazes na redução do peso e no aumento da potencia, mostrando erros e sucesso na mesma proporção, superação das equipes e pilotos a todo o tempo.
            A disputa era realçada também no que se trata de Davi VS Golias, era os pequenos preparadores contra as fábricas, importados contra nacionais, motorzinho contra motorzão.
            Lógico que os promotores traziam outras atrações para entreter o público, show de acrobacias ao volante, bandas marciais, pára-quedistas, forças armadas e tudo que dispunha na época. Era com certeza um grande circo, e tudo para promover os verdadeiros destaques do evento, os carros e pilotos tentando sobreviver a longas horas de pilotagem.
            Ainda hoje me arrepio de ouvir e ler Jan Balder e Emerson Fittipaldi narrando a corrida deles com o DKW, correndo contra carros com motores muito maiores, além do tom dramático do final da corrida, e usando um personagem de Nelson Rodrigues o “Sobrenatural de Almeida” entra em ação e desliga o carro da dupla, e tira o que poderia ser a única vitória do “Rato” na corrida criada por seu pai.
            E pensar que ainda teve o momento que os Opalas da Stock, venceram até os carros importados, ou a que eu estive presente quando o Protótipo AS Vectra bate os imbatíveis Porsches, e depois se choca com um deles durante os 500Km de Interlagos, tudo isso me faz muita falta e ainda espero que alguém possa conseguir realizar provas dessas e que eu possa correr ou colocar um carro meu no grid e realizar um sonho de menino.
            Quero ler a sua opinião e contar a sua história de corrida de endurance dos sonhos que assistiu ou participou, mande sua história que terei o prazer de contar aqui no Blog.
            Grande Abraço!